MORRO COMO PAÍS

Textos: Dimítris Dimitriádis e Mickael de Oliveira
Interpretação: Cláudia Dias, Cláudio da Silva e João Folgado
Música: Daniel Romero (.tape.)
Esculturas: Pedro Mira
Desenho de luz: Daniel Worm d'Assumpção
Fotografia: John Romão
Produção executiva: Colectivo 84
Assistência de produção: Lara Silveira
Co-produção: Colectivo 84 / Penetrarte, Festival Citemor, Murmuriu
Apoios: Artistas Unidos, Bomba Suicida, Câmara Municipal de Almada, Fundação Calouste Gulbenkian, ZDB
Agradecimentos: Ana Rita Osório, Andreia Bento, Elena Córdoba, Lázaro Romão, Marta Furtado, Miguel Bento, Miguel Borges, Ruben Escamilla
O Colectivo 84 / Penetrarte é uma estrutura subsidiada pelo Ministério da Cultura - Direcção Geral das Artes
Festival Citemor (Montermor-o-Velho, PT): 31 Julho e 1 Agosto 2010
Plataforma Internacional de Artes Performativas Portuguesas (Montemor-o-Novo, PT): 4 Junho 2011
Marstrand Festival, Black Box Theatre (Oslo, NO): 28 e 29 Março 2012
Hoje a morte e a noção de fim cruzam-se em permanência no quotidiano, sem ninguém parar ou reparar atentamente. A morte é como um gelado derretido no passeio, não se pode provar e quando passamos ao seu lado não queremos lambe-lo. "Morro como país" (1978), texto do dramaturgo grego contemporâneo Dimítris Dimitriádis, fala da morte de um território devastado pela guerra civil, pela corrupção política e pela subversão da moral, figuração trágica numa espécie de amálgama de todas as perversões e subversões. Foi a partir deste texto que começámos a escrever a nossa própria proposta, que junta o sabor doce da decadência absoluta e da negação para com o estado actual das sociedades europeias ao fim do mundo, que acontece lentamente à beira-mar, com a língua colada na areia, à procura do sorvete. É um espectáculo, assim,escatológico, por procurar perceber o que é o fim das coisas.
CRÓNICA, excerto da crónica A gadanha daquele que ceifa
“Aí está a profanação dos referentes magnificados pela sociedade ocidental, aí estão os corpos profanados dos actores com quem Romão começou uma relação e implicação tão severa, próxima e ética como a que [Rodrigo] García tem com os seus actores. Uma relação em que o fazer do actor com o seu corpo está à disposição de, como se o actor estivesse totalmente distanciado psicologicamente do que o corpo faz e do que se lhe faz, da profanação que sofre, um corpo já anónimo que ainda assim guarda a dignidade, a humanidade. (…) “Morro como País reflecte uma sociedade decomposta e vendida, onde a inércia e o não pensar com a própria cabeça são a norma. A companhia Colectivo 84 tem a vontade e a valentia de falar de problemas próprios, que não são exclusivos, da sociedade portuguesa (praia e cerveja, passado de guerra e colonialismo, racismo latente de “pretos e macacos”, etc.). Dinheiro e bem-estar para corpos esmagados pela ignomínia, feridos na sua dignidade. Mentes deformadas num vazio referencial, que centram as suas frustrações em culturas baratas, que celebram o ódio que é masoquismo e uma dignidade de peito inchado que é humilhação arrastada.” Pablo Caruana Húder (jornalista e director do Festival Sismo Madrid)